terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Criação de Camarão Água Doce



Introdução
FICHA TÉCNICA

TIPO DE NEGÓCIO: Criação de camarão de água doce(da Malásia)
PRODUTOS: Camarão de água doce.
SITUAÇÃO DO MERCADO: em crescimento.
INVESTIMENTO INICIAL: Varia de R$ 5.000,00 à R$ 20.000,00

HISTÓRICO. O homem buscou sempre, no decorrer da história, soluções criativas para enfrentar o cotidiano, por vezes incerto. De início ele colhia raízes, sementes e frutos, o que a natureza lhe oferecia generosamente. Aos poucos ele percebeu que poderia ter tudo ao alcance da mão e a qualquer momento. Como? Plantando cereais, hortaliças e frutas. Criando animais apropriados para o abate (e, por tabela, para o trabalho caseiro).
A criação do camarão se encaixa perfeitamente nessa realidade.A aquicultura(criação de organismos que têm na água o seu normal ou mais freqüente meio de vida) é uma atividade econômica em plena expansão no Brasil e no mundo.
Especificamente com relação ao cultivo de camarão de água doce, há informações de que essa atividade já era praticada desde o ano 500 A.C.
Com o crescimento da demanda mundial por alimentos de alto valor nutritivo, saudáveis e disponíveis a preços baixos, a atividade de carcinicultura de água doce tornou-se uma alternativa viável tanto do ponto de vista alimentar quanto de negócio, principalmente para pequenos produtores rurais.
O camarão de água doce(da Malásia) enquadra-se nessas características devido à sua excelente aparência, carne branca, sem o forte odor característico dos camarões de água salgada e consistência firme semelhante a lagosta marinha.

CARACTERÍSTICAS. Natural do sul e sudeste asiático, ocorrendo ainda na Oceania e em algumas ilhas do Pacífico Oeste. É considerada a espécie, de água doce, mais utilizada no cultivo intensivo em todo o mundo. É a maior espécie do gênero, podendo atingir 32 cm e pesar 500 g. O seu ciclo de vida compõe-se de quatro fases: larva, pós-larva, juvenil e adulto. A fêmea produz cerca de 5.000 a 100.000 ovos, dependendo do tamanho, chegando-se ao aproveitamento de 50% dos mesmos. O hábito alimentar deste camarão é onívoro, podendo, inclusive, praticar canibalismo, se a disponibilidade de alimentos for insuficiente. Em cultivo intensivo, com ração balanceada, alcança um peso médio de 30 g em 6 (seis) meses de criação, quando estará em condições de ser comercializado.

TÉCNICA DE MANUSEIO. A técnica utilizada no cultivo do camarão consiste na manutenção dos reprodutores em viveiros escavados em terreno natural, sendo alimentados com ração balanceada. As fêmeas, quando ovadas, são retiradas e levadas para os tanques de manutenção de matrizes, onde são alimentadas e examinadas diariamente. No momento em que apresentam ovos em adiantado estágio de desenvolvimento, são transportadas para os tanques de eclosão. Após a desova, as larvas são retiradas, contadas por amostragem e distribuídas nos tanques de pré-cultivo, onde passam cerca de dez dias. Neste período são alimentados com Artemia sp. (microcrustáceo próprio para alimentação das larvas). Transcorrido esse prazo, são transferidas para tanques de cultivo, onde, além do microcrustáceo, passam a receber uma dieta específica, á base de ovo, leite, peixe, complexo vitamínico, ômega-3 e outros, preparada no próprio laboratório. Nos tanques de cultivo permanecerão de 30 a 35 dias, atingindo a fase de pós-larva, quando então serão aclimatizadas e comercializadas para engorda quer seja para viveiros ou açudes, lagos, etc.

CRIAÇÃO. A criação de camarões de água doce baseia-se principalmente na espécie Macrobrachium rosenbergii (camarão da Malásia). A engorda ou recria destes organismos é geralmente realizada em viveiros escavados em solo natural. Dentro dos requisitos técnicos considerados na seleção de áreas adequadas à atividade destacam-se as condições de temperaturas elevadas durante pelo menos 6 meses (média mensal acima de 20ºC), disponibilidade de água de boa qualidade, situação topográfica que compreenda inclinações não superiores a 2%, solo predominantemente silte-argiloso (30 a 70%), etc. Além destas disposições técnicas, as situações logísticas também devem ser consideradas, quais sejam: estudo de mercado, infra-estrutura local, acesso, mão de obra, etc. A recria inicia-se a partir do povoamento dos viveiros com pós-larvas (fases inicias obtidas através de um processo de manutenção das larvas em instalações específicas – laboratórios de larvicultura). A reprodução deste tipo de camarão tem início na água doce. No entanto, as larvas desovadas pelas fêmeas precisam ser mantidas em água salobra durante aproximadamente 40 dias, até que sofram a metamorfose, possibilitando a sua liberação nos viveiros de água doce. O processo de larvicultura é tecnicamente complexo. Embora possa ser conduzido por pequenos produtores, recomenda-se aos iniciantes a compra de pós-larvas de laboratórios comerciais para os primeiros povoamentos dos viveiros de recria.

SISTEMAS DE CRIAÇÃO. A tecnologia de recria de camarões pode ser definida em três sistemas, cujas características diferenciais consideram a sua complexidade de manejo:
Sistema monofásico. Caracterizado pelo emprego de baixa tecnologia, cujos viveiros escavados no solo (1.000 a 5.000 m²) são povoados com pós-larvas recém metamorfoseadas na proporção que varia entre 8 a 10 pós-larvas/m². O ciclo tem duração média de seis meses sem qualquer transferência de viveiros.
Sistema bifásico. Trata-se da manutenção das pós-larvas recém metamorfoseadas em viveiros-berçário também escavados no solo (500 a 2.000 m²). As pós-larvas permanecem nestes viveiros durante aproximadamente dois meses, em densidades que variam de 70 a 200 pós-larvas/m². Em seguida, os juvenis com peso médio de ±2,0 g são transferidos para os viveiros de engorda, onde permanecem por mais aproximadamente 4 meses, em densidades de 8 a 10 juvenis/m², sendo despescados com peso médio de 25 a 30g.
Sistema trifásico. Semelhante ao anterior, diferindo apenas pela consideração de uma fase preliminar realizada em berçários primários, onde as pós-larvas recém metamorfoseadas são estocadas em altas densidades (4 a 8 pós-larvas/Litro) dentro de tanques de 5 a 35 m³ , construídos em concreto, alvenaria, fibra de vidro, etc. Esta fase, também conhecida como pré-cultivo, tem duração de 15 a 20 dias, cujos organismos com peso médio de 0,05 g são transferidos para os berçários secundários, seguindo o manejo descrito no sistema bifásico.

FORMAS DE MANEJO. Pode ser:
Manejo alimentar. Em todas as fases os camarões recebem alimentação artificial na forma de ração balanceada e peletizada, cujos tamanhos das partículas, quantidades e teores protéicos variam de acordo com a faixa de tamanho dos camarões. Rações contendo 40 a 25% de proteína bruta são fornecidas na proporção de 100 a 3% da biomassa total de camarões, respectivamente para as fases inicias e finais de cultivo. Esta diminuição nas proporções são gradativas ao longo do tempo de cultivo. Os viveiros escavados no solo oferecem um bom recurso de alimento natural, composto principalmente pela fauna bentônica que compreende as formas larvais e adultas de invertebrados aquáticos. A adubação química ou orgânica dos viveiros é periodicamente praticada a fim de incrementar esta fauna.
Manejo hídrico. A qualidade da água deve ser rigorosamente controlada para que as condições ambientais se estabeleçam dentro dos padrões de exigência dos camarões a fim de gerar maiores produtividades no cultivo. Teores de oxigênio dissolvido, pH, temperatura e transparência são parâmetros controlados diariamente nos viveiros, enquanto que, dureza, alcalinidade e outros são monitorados semanalmente.
Outros manejos. Amostragens quinzenais de camarões são realizadas para avaliar o crescimento dos organismos e obter informações para o cálculo das quantidades necessárias de ração.

DESPESCAS. As despescas nos viveiros de engorda iniciam-se sempre que uma boa parcela de camarões já tenha atingido o tamanho comercial. Isto ocorre geralmente no 4º ou 5º mês de ciclo total (berçário + engorda), cuja captura dos organismos é feita através de arrasto com rede seletiva. As despescas seletivas são realizadas a cada 20 dias aproximadamente. Em cada viveiro de engorda se promove em média 2 a 4 dessas operações. Ao final do processo, geralmente após seis meses de recria, efetua-se uma despesca total, operação em que o viveiro é totalmente drenado e todos os camarões são capturados.

LOCALIZAÇÃO.
.ÁGUA. Os viveiros devem ser instalados em locais onde haja fornecimento de água natural(poços, córregos, rios ou nascente);
.TEMPERATURA. Deve-se evitar implantá-los onde há grandes variações de temperatura entre o dia e a noite. O local é considerado adequado quando a temperatura média do mês mais frio é igual ou superior a 20° C e quando existem ventos constantes e moderados;
.TERRENO. O terreno deve ser plano ou levemente ondulado, com uma declividade de até 5%. Os solos considerados como ideais para construção de viveiros são aqueles com taxa de argila variando entre 40% e 70%. Com menos de 40% de argila, ou seja, arenoso, o solo torna-se desapropriado em função do seu baixo poder de retenção de água. Com mais de 70% de argila, o excesso de água acumulada costuma causar problemas na drenagem do viveiro, provocando o aparecimento de rachaduras nas paredes dos tanques. O solo ideal deve ter PH próximo a 7,0.

PESSOAL. Sugerimos a contratação de um funcionário para a manutenção do cultivo, ou seja para o arraçoamento (feito 2 vezes por dia), a biometria (feita uma vez por mês), vigilância do viveiro e verificação da temperatura, transparência e do PH da água(feita diariamente).

EQUIPAMENTOS. Nenhum projeto de carcinicultura pode funcionar sem uma infraestrutura mínima capaz de atender às necessidades gerais de uma produção, assim como suas peculiaridades. Em fazendas de engorda, mesmo que pequenas, alguns instrumentos simples são indispensáveis: disco de Secchi – medição de transparência da água; termômetro – medição da temperatura da água; oxímetro – medição do oxigênio dissolvido da água, ou kits para análise química do Oxigênio Dissolvido; phmetro – medição do PH da água; redes de pesca – usada na despesca; tarrafas – usada na biometria(acompanhamento do desenvolvimento em peso e comprimento do animal); tela protetora – protege a entrada de predadores e saída de camarões.

MATÉRIA-PRIMA. O cultivo de camarão da água doce envolve duas fases:
Larvicultura: produção de pós-larva;
Engorda: criação dos jovens a partir da fase de pós-larva até atingir o tamanho comercial.
Portanto podemos considerar como matéria-prima a pós-larva que deverá ser adquirida em laboratórios especializados.

PRODUTIVIDADE. Os valores de produtividade desta atividade variam de acordo com a situação climática regional e com o tipo de sistema de cultivo empregado (monofásico, bifásico ou trifásico). Geralmente, produtividades variando entre 1.000 a 3.000 Kg/ha/ano são observadas nos empreendimentos comerciais em operação no Brasil.

VIABILIDADE ECONÔMICA. O investimento inicial com instalações gira em torno de R$ 20.000,00 para cada hectare de lâmina d’água de projeto, para quem já possui uma propriedade, o investimento inicial será em torno de R$ 5.000,00. O custo operacional varia entre R$ 3,50 a R$ 5,00 para cada quilograma de camarão produzido. O valor de venda entre R$ 10,00 a R$ 20,00 varia de acordo com o padrão do produto e tipo de mercado (atacado ou varejo).

MERCADO. O mercado consumidor é bastante diversificado, podendo-se citar as redes de supermercados, hotéis, restaurantes e lojas especializadas em pescados. Trata-se de um produto nobre, com excelente aceitação nos mercados interno e externo.

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